terça-feira, 27 de julho de 2010

Prefeitura financia cana com dinheiro dos Royalties



Jualmir Delfino

A indústria do setor sucroalcooleiro produz o etanol (álcool etílico), um dos itens da energia verde, em alta no Brasil e no mundo. Mas, a chama do setor está baixa na Região Norte Fluminense, com canavieiros e usineiros precisando de apoio do governo. Em Campos, que nos dois últimos anos teve três usinas fechadas – Barcelos, Santa Cruz e Sapucaia não estão operando na safra 2010 – o governo municipal se esforça e garante lançar o Novo Fundecana (programa de fomento para desenvolver o setor canavieiro), com previsão de injetar R$ 6 milhões, a fim de apoiar pequenos e médios produtores. O objetivo é fazer a renovação dos canaviais e introduzir o cultivo rotacionado (plantação de outras culturas enquanto a cana cresce) para agregar valor à produção.

O governo federal, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, disponibilizará no Banco do Brasil (BB) as subvenções para 409 plantadores de cana-de-açúcar, na razão de R$ 5,14 por tonelada do produto. Os recursos serão liberados nesta semana e os produtores que se cadastraram no programa em 2008/2009 devem procurar a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), onde serão orientados de como receber o benefício.
A proposta de reformulação do Novo Fundecana teve início neste ano, apresentada por dirigentes das entidades rurais da região, Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), Cooperativa Mista dos Produtores Rurais Fluminenses (Cooplanta) e ainda da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).


Segundo Eduardo Crespo, previsão de gerar dois mil empregos
De acordo com o presidente do Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam), Eduardo Crespo, a meta é que o programa entre em prática já, para iniciar o plantio de cana em setembro, a fim de que tenha matéria-prima garantida para a safra de 2011. A previsão é a de que mais de 10 mil cooperados sejam beneficiados, com geração prevista nas usinas e no campo superior a dois mil empregos diretos. “Na última quinta-feira, o prefeito Nelson Nahim aprovou a liberação de R$ 6 milhões para a Cooplanta e Coagro. Outro convênio está em estudos para a Canabrava”, informou Eduardo Crespo. Também na Asflucan continua a luta para que na safra 2010 o setor no Norte Fluminense obtenha subvenção no valor de R$ 10 por tonelada por causa da elevação dos custos de produção, devido ao aumento de frete e na preparação do solo, bastante castigado pela variação climática”, acrescentou Crespo.
Viabilização do convênio

Nesta semana estão previstas as últimas ações para viabilizar a assinatura de convênio entre o município e entidades representativas do setor sucroalcooleiro, que farão interface com os pequenos e médios produtores de cana, no sentido de iniciar, no primeiro momento, com a disponibilidade de recursos dos royalties do petróleo para renovar canaviais com apoio técnico. “O prefeito Nelson Nahim, desde quando era presidente da Câmara Municipal, já acompanhava a implantação do programa quando aconteceram as primeiras reuniões com a prefeita Rosinha Garotinho, e também tem boa vontade para alavancar o setor. Nesta semana deveremos colocar em prática este programa”, informou Crespo.
De acordo com informações do presidente do Fundecam, o Novo Fundecana prevê a aplicação de inovações tecnológicas, através de convênio com a UFRRJ, através do Campus Leonel Miranda. “A proposta das entidades é maximizar o uso dos recursos dos royalties do petróleo, disponibilizados no Fundecana, para implementar um novo modelo de produção, a partir de técnicas modernas que vão do plantio, tratos culturais com irrigação, à colheita da cana crua, situação que implica na introdução da colheita mecanizada, fator que proporcionará um maior valor agregado à atividade canavieira. O programa terá auditoria tecnológica permanente nos projetos implantados e incentivará o cooperativismo através da Cooplanta e da Coagro”, informou.

Exigências para ser contemplado com o programa

Para ser contemplado no programa é necessário que os produtores rurais tenham até 25 hectares de área agricultável, com meta de atingir uma área de dois mil hectares plantados, no prazo de um ano. Eduardo Crespo ressalta que o Novo Fundecana vai fortalecer o setor canavieiro e sua cadeia produtiva da cana-de-açúcar, com incremento do agronegócio e da agricultura familiar, com a geração de novos empregos em toda a cadeia, com o viés da responsabilidade ambiental.

A previsão de plantio com o Novo Fundecana, segundo Crespo, é de 6 mil hectares em três anos, com a geração de 500 empregos diretos e indiretos, com projeção de uma produção de 600 mil toneladas de cana, além do aproveitamento dos investimentos na terra com a rotação de cultura com produção de grãos (feijão, milho e girassol)

Marcelo Erbas

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